Utilizar a inteligência artificial na educação, mas com ética e responsabilidade

Especialistas em IA debatem o papel da escola com a entrada dessa tecnologia na sociedade

“Nós educadores não temos outra opção, os alunos de qualquer que seja o nível, estão usando essas tecnologias.” É o que destaca Dora Kaufman, pós-doutora, professora e pesquisadora em impactos éticos e sociais da inteligência artificial (IA). Para ela, a pior medida é proibir o uso de IA na sala de aula, pois assim, os alunos são privados de aprender e interagir com ela da melhor forma possível.

Já para Alexandre Sayad, consultor da Unesco em educação midiática, colunista na revista Educação e mestre em IA e ética, hoje, estamos rodeados por algoritmos, e na escola não é diferente. “O primeiro ponto que todo educador deve pensar na escola sobre IA é o que ela é, e mais do que isso, onde ela está para os alunos e professores”, destaca.

A pós-doutora Kaufman e o mestre em IA, Sayad, participaram do painel Reproduzir a mente humana – impactos da IA na educação, durante o Grande Encontro da Educação, realizado pela revista Educação, nesta quarta-feira, 25. O evento acontece em São Paulo, no Centro de Professorado Paulista (CPP) e vai até hoje, 26.

Como a IA aprende?

Antes de falar sobre educação, Kaufman fez uma breve explicação sobre como a inteligência artificial aprende e funciona. Ela conta que hoje temos um volume de dados muito grande e a IA é o “único modelo estatístico capaz de lidar com esse volume”.

Quem produz os dados utilizados por essa tecnologia somos nós, de acordo com Dora. A IA é um “modelo que aprende a partir de dados que nós produzimos e que tem todas as idiossincrasias do ser humano”, explica.

De acordo com Dora, essa tecnologia é fantástica, mas devido a sua complexidade, ela possui vários problemas e potenciais danos para a sociedade. Por isso, a pós-doutora estabelece que é fundamental ter diretrizes de governança. “Se vou introduzir a IA, preciso estabelecer essas diretrizes”, aponta.

IA na educação

“Na educação a IA tem várias especificidades. Estudar a inteligência artificial é um nicho, o outro é utilizá-la na aprendizagem”, conta Dora. Ela ainda explica que a IA tem três níveis de contribuição no ambiente escolar: professor, aluno e gestão, e que é necessário encarar as soluções que essa tecnologia propõe como parceiras.

“Posso me apoiar nessas soluções para produzir melhor, o que não é recomendado é considerar essas soluções como destaque”, orienta Kaufman.

Para ela, a grande contribuição da inteligência artificial na educação é a aprendizagem personalizada. Sayad, vai ao encontro sobre o que ela diz, e aponta que essa questão é realmente um “grande diamante”, e ajuda os alunos a aprenderem da melhor maneira possível.

Porém, para o consultor da Unesco, embora essa tecnologia traga diversos benefícios para o nosso dia a dia, a inteligência artificial sempre vai esbarrar em uma questão ética. “Estabelecer um código de conduta de IA no ambiente escolar é um bom primeiro passo, dialogando com os pais”, diz Alexandre.

Futuro da inteligência artificial

Questionada sobre o futuro das profissões e seu desaparecimento devido ao uso da inteligência artificial, Dora Kaufman comenta que não há indícios de que nenhuma profissão vai terminar por conta dessa tecnologia, o que acontece hoje, é a automação de tarefas e funções dentro de todas as profissões e atividades.

“O futuro é ou ficção científica ou mera especulação”, diz Dora. Para ela, o nosso futuro depende do que a gente fizer hoje, por isso, é preciso discutir como utilizamos essa tecnologia atualmente.

Saiba mais em: https://revistaeducacao.com.br/2024/09/26/inteligencia-artificial-5/

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